Blog do raimundo

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Este é o Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Goiânia e Região Metropolitana. O sindicato foi fundado em 2009 para representar e tocar as lutas dos rodoviários de nossa região.

domingo, novembro 05, 2006

DE SEATTLE A OAXACA. QUANDO SERÁ A VEZ DO BRASIL?

A ideologia do capitalismo liberal, sempre afoita por “novidades” e inimiga dos velhos dogmas deve estar em crise existencial. Afinal, eram os modernosos adoradores do novo mundo que criticavam as ideologias dos longínquos anos 60 que diziam que o mundo poderia viver em uma sociedade igualitária. Eram os anos 90 e a história havia terminado.
Hoje é sua ideologia que se vê ultrapassada, aquela dos longínquos anos 90. Desde a batalha de Seatlle, em 1999 surgiu um novo impulso das lutas populares. Uma nova onda de movimentos, junto com o reavivamento de alguns grupos de esquerda. A batalha dos explorados e dos desprivilegiados contra as elites começou a ser visível a olho nu e hoje chega a abalar os rumos da calmaria mundial. Começou na manifestação contra a reunião do G-8 em Seatlle, e teve conseqüência em várias outras como Quebec, Gênova, Cancun, entre outras. Junto a isto, mobilizações conseguiram varrer alguns países.
A Argentina começou, derrubando cinco presidentes em uma semana em 2001, com mobilizações que desafiaram um estado de sítio. A formação dos piqueteiros, dos movimentos de trabalhadores desempregados e dos movimentos das fábricas ocupadas ganha a cada dia mais consistência no país. Em 2002, foi a vez do povo Venezuelano derrubar um golpe das elites contra um governo eleito. Em 2004, o povo boliviano derruba “El gringo” Chancez da Losada do governo e do Equador derrubar um traidor de sua própria causa. Em 2005, os ventos de esquerda chegam ao primeiro mundo e fazem a França dizer um não à União Européia e fazer com que imigrantes causem incêndios de mais de dez mil carros por todo o país. Também no longínquo Nepal um grupo guerrilheiro consegue por o governo em cheque.
Em 2006, a nova onda de movimentos populares explode. A França põe milhões na rua contra os contratos de primeiro emprego. O Chile também faz mobilizações gigantescas pelo passe livre e põe a presidente do país em cheque. E finalmente, Oaxaca mostra uma alternativa de poder, com uma assembléia popular tomando conta do estado e exercendo um governo popular. As assembléias populares mostram que não é só possível, como necessário, que o povo exerça seu próprio governo.
A nova geração já tem a sua cara. Não defende revoluções de um pequeno grupo de iluminados e sim a insurreição de massa, a vontade do povo guiando os rumos. Já tem seus mártires, como Carlos Giuliani, morto em Gênova em 2002 e Brad Will, morto em Oaxaca. E já tem sua luta. Diante do entusiasmo dessas lutas, surge a pergunta para os ativistas tupiniquins: quando será a vez do Brasil.
O país já vê um Ascenso das lutas populares. Das mobilizações contra aumentos de passagens em Salvador e Florianópolis, das greves cada vez mais radicalizadas de bancários, petroleiros, servidores públicos e universidades. Do avanço dos movimentos de sem teto, que teve sua maior expressão na luta por moradia em Goiânia. Do avanço da luta pela terra, com o Abril vermelho de 2004 e da marcha de 2005 do MST. Por enquanto, lutas localizadas e reivindicações específicas. Mas o calor vindo de nossos vizinhos e o clima mundial indicam que até o fim da década o Brasil não fica incólume a uma mobilização popular maciça. Pelos menos é uma hipótese viável até para analistas da direita.
Devemos estar preparados, nosso dia virá. Dizer que o Brasil é um país de povo manso e conservador é coisa ultrapassada, lá dos anos 90.