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Este é o Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Goiânia e Região Metropolitana. O sindicato foi fundado em 2009 para representar e tocar as lutas dos rodoviários de nossa região.

quarta-feira, outubro 25, 2006

MTV GANHOU AS ELEIÇÕES ESTE ANO

É espantoso ver que o que mais influencia o horário eleitoral dos candidatos à presidência não é o programa e governo ou o programa de partido de cada um deles. Não é Duda Mendonça, Perseu Abramo ou Mário Covas que influenciam as campanhas televisivas de Lula e Alckmin. É Michael Jackson, com seu disco Thriller, que deu o tom das campanhas eleitorais.
Quando lançou Thriller nos anos 80, Michael estreou a era do vídeo-clipe. O disco foi o mais vendido de todos os tempos, e a estética e vídeos sobrepostos à músicas foi aperfeiçoada pela MTV. Os vídeo-clipes desde então passaram a ter grande popularidade. O curta-metragem em que várias cenas passam sem nenhuma conexão textual ou enredo virou um padrão. Com montagem cheias de cores, formas e montagens que duram poucos segundos e fazem epiléticos ter ataques de tão pesadas passaram a ser uma febre na juventude desde então. Eu mesmo, que não tenho TV a cabo, quando tenho a chance de ver MTV fico simplesmente hipnotizado.
A estética lisérgica e vazia lançada pela MTV nos anos 80 conseguiu dar o tom da campanha eleitoral dos candidatos à presidência neste ano. Uma sucessão de imagens, músicas, pessoas sorrindo, e seqüências que nunca duram mais de três segundos ocupam a maior parte do horário eleitoral. De vez em quando os candidatos aparecem para falar. Mas é na menor parte do tempo.
A overdose de números, muitos distorcidos e fora de contexto, é de fazer qualquer epilético ter ataque convulsivo. Todos os números são dados em valores absolutos. Milhões, Bilhões e Trilhões enchem os textos das campanhas, mas ninguém explica o que estes dados querem dizer de modo comparativo ou o impacto real que tem na sociedade. Qualidade de vida da população é levemente tocada. Muito IBGE, pouco DIEESE também é uma marca do show de números que não dizem nada para quem não os entende. E ninguém entende tudo, pois para entender alguns é preciso ser especialista em alguma área.
As imagens vão sempre no sentido de atingir o emocional direto, como um projétil que atravessa qualquer colete à prova de balas. Mulheres grávidas, pessoas sorrindo, gente bonita e alegre. A visão de um Brasil lisérgico mesmo. Diferente da “Rede Povo” da campanha de Lula de 1989, que sem ser fatalista como uma novela mexicana, mostrava a realidade do país.
Nesta campanha, a MTV vai ganhar as eleições. Talvez por isso a rede televisiva soltou uma vinheta chamando todos e repudiar os candidatos. Afinal foi ela que tomou o poder, mesmo a maioria das pessoas não tendo acesso ao festival de imagens sem sentido. Nas próximas eleições, experimentem fumar “unzinho” antes de assistirem o horário eleitoral, dá mais onda. E epiléticos, fujam da sala quando o horário começar.