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Este é o Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Goiânia e Região Metropolitana. O sindicato foi fundado em 2009 para representar e tocar as lutas dos rodoviários de nossa região.

terça-feira, outubro 17, 2006

SE LULA VOLTAR A FUMAR, EU VOTO NELE

Década de oitenta. Um grupo de repórteres cerca o então ex-sindicalista e fundador do Partido dos Trabalhadores para uma bateria de perguntas. Antes de esboçar qualquer reação, o entrevistado dá uma intensa tragada em seu cigarro na frente das câmeras, para depois responder sua pergunta.
Este era o Lula que fumava. Aliás, ainda fuma, mas em hipótese alguma na frente das câmeras. Afinal, o politicamente correto, o “marketing pessoal” diz que pessoas ilustres não podem ter atitudes demasiado humanas nos holofotes da imprensa. Barba aparada, terno impecável, dentes serrados. Lula foi moldado à risca para parecer qualquer coisa(de acordo com as pesquisas qualitativas), menos um ser humanos, que entre outros defeitos aceitáveis(falo aqui dos aceitáveis), fuma.
O marketing e rigor estético tomam conta do mundo político, que faz com que os políticos de hoje pareçam bonecos. Afinal, aparência e discurso dentro de padrões politicamente corretos é que dão votos. Já que o discurso programático faliu. Trocas de acusações, bem, estas se empatam em seu macabro jogo de pingue-pongue, não tendo efeito diferencial.
Vendo vídeos de debates antigos me impressiono. Os candidatos eram mais espontâneos. Falavam com mais freqüência o que dava em suas telhas. Hoje seria impossível o fantástico debate entre Maluf e Brizola nas eleições de 89. Brizola esbraveja, quase espumando: - filhote da ditadura! Maluf responde rindo: -ora, ficou quinze anos no exterior e não aprendeu nada. A platéia cai nas gargalhadas. Brizola, sem perder a pose, aponta o dedo para platéia e grita: -filhotes da ditadura, vocês são todos filhotes da ditatura! Isto sem falar nas várias tiradas, respostas, ironias e outras peripécias que marcaram os debates em 1989.
Os candidatos se pareciam mais humanos. Como foi durante toda a década de oitenta. As diferenças pareciam mais definidas. Direita parecia direita, sem medo de ser preconceituosa e elitista. Esquerda parecia esquerda, sem medo de ser utópica e populista. Nenhuma saudade das denúncias sobre vida pessoal alheia, é claro. Mas é bom lembrar que naquela época, em um Brasil que se abria para o regime liberal, o povo queria ver nos debates pessoas com quem se identificasse, sem a superioridade rançosa que os militares exalavam. Pessoas que fumam, que riem, e que têm preconceito.
Na atual eleição, a padronização estética acaba por camuflar o mal estar ético. As pesquisas de opinião substituem o feling dos políticos. O discurso político amorfo (um tipo de neoliberalismo politicamente correto) foi imposto pelas agências de publicidade para todas a legendas. As táticas comerciais transformam os candidatos em refrigerantes, destes que a gente bebe nos domingos e joga a garrafa fora. Não cabe espaço para autenticidade, esta não dá voto. É o que dizem os especialistas em escrever livros do tipo
“ conquiste o mundo em dez lições”.
Voto no Lula se ver ele fumando em frente às câmeras de novo. Se ele voltar a se mostrar para os holofotes ser um homem comum, que fuma, tosse, e tem alguma tique nervoso, passo a confiar nele. Uma pessoa assim tem menos o que esconder. Mas o que se verá nos debates entre Lula e Alckmin será dois homens educadinhos, arrumadinhos, politicamente corretos, perfumados, com português impecável e papagueando os chavões que seus marqueteiros lhes passaram. Como bonecos do estilo “comandos em ação”. E já passei da idade de me impressionar com bonecos.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

ótimo texto, cara. acho que eu também votarei no lula se ele voltar a fumar em frente às câmeras. e se, quem saber, enfiar o dedo mindinho no nariz. valeu.

11:48 AM  
Blogger Sindicoletivo said...

O texto é literário. Você entendeu de modo LITERAL. Eu votarei nulo independente do que Lula faça até dia 29

2:53 PM  
Anonymous Anônimo said...

Caro Raimundo

Gostei do seu jeito de escrever. Só achei que falta uma conclusão política do que fazer para avançarmos na luta de classes. Percebe-se que é um texto pouco panfletário e mais jornalístico.

Você deve conhecer a Corrente O TRABALHO [MAIORIA] do PT. Estamos para sair do PT, chamamos voto nulo no 1º turno. No 2º chamamos voto 13 para barrar ALCKMIN e acertamos as contas com o Lula mais tarde.

Na nossa opinião, assim como você escreveu no outro artigo, não está em jogo uma disputa de classes nessas eleições. Se o Lula perder, o trabalhador perde, mas se o Lula ganhar, isso não significa que os trabalhadores ganharão.

Entre no site do nosso jornal e veja, entre outras coisas, nossa declaração do 2º Turno da Eleições. E fique à vontade para me enviar seus comentáios: www.otrabalho.org.br

Em fim, me simpatizei pelo seu modo de escrever e refletir a luta de classes. Se preferir, pode me enviar mais coisas.

Um abraço!

Flávio
flavioirj@gmail.com

8:37 PM  

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