OLHA LÁ, O MOLEQUE TÁ SENDO ESFOLADO!
A cena brutal de uma criança de seis anos sendo esfolada viva tomou conta do imaginário brasileiro dos últimos dias. Foi um símbolo. Tanto da violência, problema social que se agrava cada vez mais, mas principalmente da indiferença. Não apenas das pessoas que cometeram o crime, uma indiferença no mínimo doentia, mas da sociedade.
Não se pode ignorar que a indiferença é um problema social, que atinge a todos. A exclusão social, a pobreza, os mais de cem anos de fim de escravidão que não foram resolvidos. Uma sociedade injusta, competitiva, individualista e conseqüentemente indiferente. Não só no Brasil mas em outros grandes países capitalistas. Li em uma revista recentemente que um manual ensina as mulheres gritarem “fogo” caso estejam sendo estupradas, pois se gritarem que estão sendo violentadas a reação das pessoas é fugir.
Ora, quem já não foi indiferente com a quem está sendo assaltado? Ou com algum caso de corrupção? Indiferença é algo necessário para sobreviver, pois temos uma justiça feroz para quem rouba um bife para alimentar os filhos, mas a bondosa com quem comete crimes brutais.
Por isto me assusta um pouco o fato de a criança ter sido arrastada por quinze quilômetros, os ladrões conseguirem fugir e a denúncia só ter sido feita depois. Eles passaram por ruas movimentadas. Dezenas de pessoas viram. Passaram inclusive perto de postos de policiais, de uma base do exército e de um bar. Tudo a olhos vistos. Alguém denunciou na hora? Alguém se preocupou em chamar a polícia imediatamente? Não. Alguém deve até ter comentado: “olha lá, o moleque ta sendo esfolado” voltou para casa com medo e não fez nada.
Todos nós o esfolamos. A cidade inteira. Claro que a etapa final do processo foi feita por gente sem nenhum sentimento moral, mas a cidade maravilhosa foi cúmplice. A indiferença mata. Mata quando milhões de pessoas são colocadas em guetos sem nenhuma chance de sair de lá. Mata quando muita gente é incapaz de girar a cabeça por quarenta e cinco graus e ver quem está lavando o chão. Quando a exclusão gera um ambiente favorável à violência. Quando uma sociedade corrupta e consumista vende a ilusão de ascenso social rápido e fácil. Quando o valor de uma pessoa é o carro que anda e a roupa que veste.
E aí, quando a indiferença se transforma em susto, pois amanhã pode ser meu filho, surgem as soluções. Diminuição da maioridade penal. Leis mais rigorosas. Pena de morte. Por mais que se institua o esfolamento dos que fizeram isto, não adianta leis se elas não funcionam, ou funcionam de modo diferente para cada casta social. A máquina do estado está fisicamente e moralmente sucateada. A lei não pode estar em todos os lugares em todos os momentos. Mas a indiferença pode. Ela ocupa cada rua, casa janela e cada bueiro da cidade.
Não se pode ignorar que a indiferença é um problema social, que atinge a todos. A exclusão social, a pobreza, os mais de cem anos de fim de escravidão que não foram resolvidos. Uma sociedade injusta, competitiva, individualista e conseqüentemente indiferente. Não só no Brasil mas em outros grandes países capitalistas. Li em uma revista recentemente que um manual ensina as mulheres gritarem “fogo” caso estejam sendo estupradas, pois se gritarem que estão sendo violentadas a reação das pessoas é fugir.
Ora, quem já não foi indiferente com a quem está sendo assaltado? Ou com algum caso de corrupção? Indiferença é algo necessário para sobreviver, pois temos uma justiça feroz para quem rouba um bife para alimentar os filhos, mas a bondosa com quem comete crimes brutais.
Por isto me assusta um pouco o fato de a criança ter sido arrastada por quinze quilômetros, os ladrões conseguirem fugir e a denúncia só ter sido feita depois. Eles passaram por ruas movimentadas. Dezenas de pessoas viram. Passaram inclusive perto de postos de policiais, de uma base do exército e de um bar. Tudo a olhos vistos. Alguém denunciou na hora? Alguém se preocupou em chamar a polícia imediatamente? Não. Alguém deve até ter comentado: “olha lá, o moleque ta sendo esfolado” voltou para casa com medo e não fez nada.
Todos nós o esfolamos. A cidade inteira. Claro que a etapa final do processo foi feita por gente sem nenhum sentimento moral, mas a cidade maravilhosa foi cúmplice. A indiferença mata. Mata quando milhões de pessoas são colocadas em guetos sem nenhuma chance de sair de lá. Mata quando muita gente é incapaz de girar a cabeça por quarenta e cinco graus e ver quem está lavando o chão. Quando a exclusão gera um ambiente favorável à violência. Quando uma sociedade corrupta e consumista vende a ilusão de ascenso social rápido e fácil. Quando o valor de uma pessoa é o carro que anda e a roupa que veste.
E aí, quando a indiferença se transforma em susto, pois amanhã pode ser meu filho, surgem as soluções. Diminuição da maioridade penal. Leis mais rigorosas. Pena de morte. Por mais que se institua o esfolamento dos que fizeram isto, não adianta leis se elas não funcionam, ou funcionam de modo diferente para cada casta social. A máquina do estado está fisicamente e moralmente sucateada. A lei não pode estar em todos os lugares em todos os momentos. Mas a indiferença pode. Ela ocupa cada rua, casa janela e cada bueiro da cidade.